quarta-feira, 27 de abril de 2016

Não vem ao caso

Dizem que Deus escreve por linhas tortas. Assim,  as pernas tortas de Garrincha eram, portanto, divinas."Vá Carlos. Ser gauche na vida", dizia o poeta.

Voltando um pouco no tempo, quando estourou um escândalo de corrupção nos Correios, então totalmente sob o "controle" do PTB, Roberto Jefferson para se defender inventou a tese do "Mensalão". Depois, ele próprio confessou isso. Mas, não vem ao caso. O espetáculo midiático e judiciário era noticiado no telejornal do plim plim como "o maior escândalo de corrupção deste país". Também não vem ao caso se esta informação era verdadeira ou não. O tom grave e sério do apresentador do telejornal convencia a maioria das pessoas, sem maiores questionamentos. Lembrar escândalos que envolviam valores e corrupções maiores, como a Privataria Tucana ou o caso Banestado, também não vinha ao caso.

Pois bem, no julgamento do mensalão as provas da inexistência de dinheiro público foram devidamente desmembradas do processo por Joaquim Barbosa, na época alçado a herói na luta contra a corrupção. A condenação de José Dirceu já ficou para a história na singela afirmação de Rosa Weber "Eu não tenho prova cabal contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite". Revogava-se ali um direito fundamental, previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz em seu artigo 11º, ítem 1: "Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas". Daí a rasgar a Constituição, faltava pouco.

Por acaso, hoje se sabe que o parecer de Rosa Weber teve as digitais de um juiz que a assessorava, o mesmo que encerrou o caso Banestado sem que ninguém fosse punido. Chama-se Sérgio Fernando Moro. Mas, isso também não vem ao caso.

Este mesmo juiz, viria a se tornar outro herói midiático no combate à corrupção, com a Operação Lava-jato. O fato de que a corrupção na Petrobrás tinha personagens que ocupavam cargos importantes desde o Governo de Fernando Henrique Cardoso e que foram demitidos por Dilma, não vinha ao caso. Como também não interessava saber que Eduardo Cunha indicava nomes e negociava propinas na estatal, junto com o PP, Partido Progressista, que teve o maior número de indiciados por corrupção entre todos os partidos políticos. Não, a culpa pela corrupção era de Dilma e do PT, diziam os telejornais e todos assim aceitavam.

A manipulação da mídia, oligopolizada no Brasil, hoje é bem conhecida pela imprensa internacional, que não nega seu partidarismo político. http://br.rfi.fr/geral/20160423-brasil-le-monde-admite-ter-ignorado-parcialidade-da-midia-nacional-na-crise-0

A tal "crise" foi diariamente "vendida e fabricada" pela oposição e os meios de comunicação, nos últimos 10 anos, incentivando a intolerância e o ódio, como revela agora o Prefeito Haddad.  http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/maneira-como-o-psdb-organizou-a-intolerancia-desde-2006-se-fez-notar-agora-diz-haddad/


Mas, isso não vem ao caso. O que realmente importa é "combater a corrupção". Mesmo que para isso Eduardo Cunha, Aécio Neves, Michel Temer, Serra, Renan Calheiros, Anastasia, Aloysio Nunes, Agripino Maia e demais personagens envolvidos até o pescoço em denúncias, contas irregulares no exterior e participação em esquemas pesados de corrupção sejam os "salvadores da pátria", derrubando no Congresso uma presidenta legitimamente eleita e reconhecidamente honesta.


Temer já anuncia que está na hora dos empresários ganharem. Os trabalhadores já lucraram bastante nos governos do PT. Os interesses da Fiesp devem prevalecer. Se o povo vai gostar, isso agora não vem ao caso.

Tomara que Deus esteja escrevendo por linhas tortas nosso futuro. Porque, agora, está complicado, né?

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